terça-feira, 10 de maio de 2016

Sim, Gramado é tudo aquilo que as fotos mostram!



"Sabe qual é a primeira coisa que 'tu' faz quando volta de Gramado? Dieta!", diz o Quebra Nozes que recebe os visitantes do Mini Mundo, uma das atrações mais famosas da cidade. E sábio é quem ouve! É tanta tentação que o retorno da viagem dá direto no consultório do nutrólogo (mas, já pensando naquele chocolate guardado depois do tour de degustação e vai ser comido às escondidas). Além das guloseimas de cacau, o visitante se depara com uma fartura de cafés coloniais, fondues, massas, vinhos e carnes que deixam qualquer Babette com inveja. 
Avenida Borges de Medeiros


Mas, Gramado, cidade colonizada por alemães e italianos,  não é só comida. Estando lá, facilmente se percebe o porquê de a cidade ser considerada a vedete da Serra Gaúcha, além de constatar que tudo o que é visto nas fotos de revista não chegam aos pés da realidade! E sim, a realidade dali inclui ruas limpas, motoristas que param nas faixas de pedestres e casas que parecem ter saído de um conto de fadas. E vamos dar dicas de um roteiro curto por esse destino que é o sonho de noivas, famílias e casais apaixonados!

Claro que o mais legal de uma viagem é conhecer o destino de perto, como um morador local, descobrindo os spots que revelam a alma do lugar. Mas, para uma primeira incursão, principalmente se o tempo for curto, também é válido partir em um tour organizado por empresas de turismo locais (é, daqueles de grupão mesmo, com paradas curtas para fotos). Depois, com calma, dá para aproveitar os pontos de maior interesse. Cada guia traça um roteiro diferente mas, o básico mesmo faz a rota Gramado e Canela, passando pelos principais pontos turísticos das duas cidades (que são bem próximas, com trajeto possível de ser percorrido de bicicleta). 

Uma das paradas desse passeio é o Parque do Caracol, complexo de 25 hectares de área situado a sete quilômetros do centro de Canela. O parque abriga restaurante, trilhas e churrasqueiras mas, a principal atração é a Cascata do Caracol, uma queda livre de 131 metros com uma escadaria ecológica de 927 degraus que leva até a base da cascata. Para aqueles que não estão com o preparo físico em dia ou não se encorajam mesmo a enfrentar o passeio, é possível ter uma visão deslumbrante das quedas do mirante, que fica a 150 metros de altura. Mais interessante ainda é apreciar o visual com o Bondinho Parques da Serra, inaugurado em 2014. O passeio faz algumas paradas ao londo do trajeto, como a Estação Animal (onde o visitante vê animais esculpidos que emitem sons oriundos da própria madeira). 

Cascata Caracol



Igreja de Pedra de Canela



Saindo do Parque do Caracol, uma visita à Canela, a vizinha charmosa (e mais barata) de Gramado. Logo de cara, o visitante conhece a Igreja de Canela, construída em estilo gótico. Os tours são, normalmente, bem rápidos então, guarde pelo menos uma tarde para retornar à cidade com tempo. Canela abriga bistrôs super gostosos, chocolaterias deliciosas com preços, repetimos, bem mais suaves que a famosa conterrânea. 

Voltando de Canela, uma visita à Fábrica de Cristais de Gramado, um colírio para os olhos composto por jarros, bandejas, vasos e jóias construídas, como o próprio nome sugere, ali mesmo. O processo de fabricação, aliás, pode ser assistido ao vivo através das visitas guiadas que duram, em média, 15 minutos. 

Produção na Fábrica de Cristais
Lá no início do post, contamos da previsão sinistra de um Quebra Nozes, que recepciona os visitantes de um dos pontos mais conhecidos de Gramado: o Mini Mundo. O parque é fruto do mimo de um vovô muito coruja e viajado, que resolveu presentear seus netinhos com miniaturas de lugares pelos quais ele passou em suas viagens. Os presentes foram criando novas construções, até chegar à um mundo em miniatura! O parque é, hoje, administrado pelos netos sortudos e conta com partes de todo o planeta, desde o aeroporto de Bariloche até o Castelo de Neuschwanstein (aquele que inspirou o Castelo da Cinderela em Orlando). 

Perfeição do Mini Mundo

Tem estação de bombeiros no Mini Mundo

Próximo destino: o Lago Negro com seus famosos pedalinhos. E aqui, um pouco de história. Inicialmente, o lugar se chamava Vale do Bom Retiro mas, após um incêndio que arrasou a mata existente na região, Leopoldo Rosenfeldt construiu, em 1953, um lago, decorando suas margens com árvores importadas da Floresta Negra alemã. Suas águas são de um verde escuro e carregado, refletindo o alto dos pinheiros que se alternam com o colorido das azaléias no inverno ou, ainda, com o azul das hortênsias no verão. Como diriam as vovós: é pra descansar as vistas!

De volta para Gramado, já no final do dia, o estômago grita pelas delícias (claro que ninguém passa o dia sem comer mas, fazendo parte dos grupos, normalmente há restaurantes escolhidos pelo guia). É a hora de conhecer a Rua Coberta, no Centro da cidade. Como o próprio nome já diz, é uma rua coberta por teto de vidro e trepadeiras por onde só passam pedestres. Ali, se concentram bares e restaurantes charmosos que permitem se sentar dentro ou fora deles (neste caso e estando na cidade no inverno, se dando ao luxo de se acomodar em cadeiras forradas, bem aconchegantes). As opções são muitas e o cardápio das casas ficam dispostos na porta, trazendo as sugestões do chef, além dos pratos tradicionais. Assim, dá para prever e escolher o quanto gastar. 

Dia seguinte: hora de perambular. Um bom começo é pelo centro da cidade, passeando pela Avenida Borges de Medeiros até chegar no Palácio dos Festivais, onde acontece o Festival de Inverno. Se perca na avenida e nas ruas que a cortam, onde se encondem lojas de chocolate e couros com preços mais baratos do que os vendidos nas lojas das avenidas principais. Para o almoço, indicamos o Ratatouille, restaurante escondido em uma galeria da Praça Largo Claudio Pasqual que oferece itens da culinária francesa em buffet de especialidades com ilha de massas, grelhados e fondue. A casa dá duas opções: o buffet (preço fixo por pessoa) e o self service. Fique com o primeiro! 

Na Praça de São Pedro, estátuas dos Doze Apóstolos em frente à Catedral, construída também em estilo gótico. Aos fundo da Igreja, os apaixonados têm uma representação dos cadeados de Paris, onde podem registrar suas declarações à alma gêmea

Praça de São Pedro

Cadeados de Gramado

Catedral e seus doze apóstolos

Encerre o dia com chave de ouro, se esbaldando em um dos muitos rodízios de fondue. Os mais famosos são, consequentemente, mais caros. Então, se quiser economizar, dê atenção aos vários panfleteiros que abordam os transeuntes divulgando os restaurantes que representam. Jamais fique com o primeiro que te abordar: há sempre um próximo mais barato, com transporte de volta para o hotel e com ofertas mais interessantes que o anterior. 

Para o terceiro dia, mais andanças, dessa vez, percorrendo o Tour Italiano (ou dos Vinhedos, do Vinho, seja lá como for chamado). Também indicamos comprar o passeio, incluindo a Maria Fumança, de pacotes fechados. Isso porque são incluídas atividades com horário marcado então, melhor não arriscar. 

O passeio tem como suas estrelas principais a visita à alguma vinícola de Caxias do Sul (cidade pertencente à Rota do Vinho da Serra Gaúcha) e o Trem Maria Fumaça. No caminho para Caxias, vale a pena parar em Nova Petrópolis, também conhecida como "Cidade das Flores" devido aos seus belos canteiros. A praça principal, chamada Praça da República,  abriga o Labirinto Verde, feito de ciprestes de dois metros de altura cortados como cerca viva e plantados em círculos. O maior desafio é chegar até o centro dele. O vencedor é brindado com um pódio feito de cimento para registrar o momento. 

A primeira vinícola visitada inclui, via de regra, degustação e almoço free. No nosso caso, visitamos a Vinícola Tonet, comandada pelo simpático "Seu Ivo". E é o próprio senhorzinho baixinho, de chapéu de palha e chinelos que recepciona os visitantes, contando a história da propriedade herdada dos pais. Inicialmente um pequeno negócio de família, a Vinícola Tonet recebe, hoje, as orientações técnicas dos filhos do "Seu Ivo", formados em instituições respeitadas na Itália, em cursos voltados para a cultura das parreiras. A visita é, claro, regada a muito vinho, acompanhado pelas canções do sanfoneiro, que toca canções populares italianas, entremeadas de piadas (algumas inocentes, outras nem tanto). O almoço que se segue à visita é digno dos deuses, com rodadas de massas, carnes e mais vinho!!! 

Seu Ivo

Os muitos rótulos da Vinícola Tonet

E os caminhos sempre levam aos vinhedos


Como diz o velho ditado: barriga cheia, pé na areia. Ou, mais especificamente, na estrada - de ferro. A saída do Trem Maria Fumaça é de Bento Gonçalves, famosa pelas vinícolas de cooperativa, como é o caso da Aurora. Duas curiosidades sobre Bento. Primeiro: a cidade tem uma fonte na sua entrada principal que jorra "vinho" - água artificialmente colorida nas cores da bebida de Baco. Segundo: uma das produtoras, a Vinícola Aurora, é tão grande que, para passar de uma sede para a outra (separadas por uma rua) foi construído um túnel subterrâneo. Um tour pela Aurora mostra todo o processo de produção encerrado, claro, por mais degustação. 


Tour guiado pela Aurora

Entrada Cave di Baco - Aurora

Detalhe luminária vinícola Aurora


E já chega de beber porque já foi avisado que a saída do trem é pontual então, toca para a estação!!! O trajeto da locomotiva é de uma hora e meia entre Bento e Carlos Barbosa. Ao londo do percurso, paradas em estações intermediárias, onde sempre entra uma atração: um sanfoneiro, um grupo de idosos que dançam com passageiros, e assim vai. Independente do clima, o passeio é delicioso e permite mergulhas nos tempos em que a Serra foi colonizada pelos imigrantes italianos. 


Ao voltar para Gramado, já vai ser noite, então, já é hora de aproveitar - ainda mais - a vida noturna. Então, se não quiser ficar apenas no Centro, dê uma volta pelo Bairro Bavária, próximo ao Lago Negro, que também abriga bons restaurantes e casas de fondue. 

Para quem acha que iríamos encerrar o post sem falar do famoso café colonial, leve engano. Deixamos por último porque o momento é digno de uma pausa respeitosa na viagem. Uma das mais autênticas tradições da cultura e culinária alemã, essa refeição é uma mistura de café da manhã e almoço, podendo ser degustado a qualquer hora do dia. O cardápio é composto por bolos, salgados, queijos, salames, carnes e vinhos. Um verdadeiro banquete! São vários os restaurantes especializados no café colonial mas, cabem alguns destaques, como o Café Bela Vista e o Torre Café Colonial, ambos na Avenida das Hortênsias, no Centro de Gramado. 

Quanto à melhor época de visitar a cidade? O ano todo! Gramado é linda em qualquer estação e, encantada como não deveria deixar de ser, comemora a Páscoa, o Inverno e o Natal com celebrações inigualáveis. Basta escolher seu melhor período de férias e... boa viagem!




Por Luciana Gomides

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