sábado, 14 de maio de 2016

Gente que faz diferença : Erivan !

  Desenhos, doçura e amor de verdade






Erivan de Paula Santos Neto, 22 anos, é um estudante de Engenharia Civil da Universidade Federal de Goiás (UFG) unidade Catalão. Autodidata, ele começou a desenhar na adolescência e nos conta como a arte o ajudou a entender a descoberta da homossexualidade e a superar conflitos.


Larissa Artiaga : Erivan, primeiramente eu gostaria de saber mais sobre você.Quais aspectos da sua história de vida você considera marcantes ?



Erivan de Paula: Acredito que um dos momentos mais marcantes da minha vida aconteceu quando passei no vestibular, tentei passar em Goiânia e não foi possível,porém em Catalão fiz muitos amigos. Outro fato marcante foi a separação dos meus pais, que não ocorreu de forma amigável.E por último, ter me assumido homossexual já que a descoberta da sexualidade é uma questão difícil por não se tratar de uma escolha.



Larissa Artiaga: Muitos jovens assim como você também não conseguem passar no vestibular na primeira tentativa. Qual conselho você daria para essas pessoas ?



Erivan de Paula: Um dos principais conselhos que dou em relação ao vestibular é para que a pessoa não desista do próprio sonho.Confiança em si mesmo é muito importante, por exemplo quando cheguei em Catalão eu não conhecia ninguém, e hoje em dia tenho muitos amigos aqui.Isso mostra que talvez se você não é aprovado na primeira tentativa para a cidade que você deseja, talvez é porque não era pra ser.Portanto é fundamental seguir adiante.



LA: Erivan, você falou em confiança e fé em si mesmo.Morar sozinho influênciou no seu ganho de autoconfiança ao ponto de você conseguir entender a si próprio e assumir-se homossexual ?



EP: Quando você passa a morar sozinho e a não depender dos pais muitas coisas mudam, de forma que o foco está em si próprio.Assim passamos a cuidar de nós mesmos,cozinhar, lavar e passar as próprias roupas.Então sim, passei a descobrir e entender minha personalidade e morar sozinho influênciou bastante.

LA: Partindo do ponto de que a pessoa nasce homossexual, o que se passou na sua cabeça quando você se descobriu e entendeu que é homossexual ?



EP: Muitas coisas se passavam na minha cabeça nesse momento, visto que eu tinha muitos conflitos internos religiosos e com relação à minha família.Você ouve falar de homofobia, mas a maneira como os LGBTs são tratados pela sociedade torna difícil o processo de entendimento dasexualidade.Pensei também que seria rejeitado pela minha mãe já que não tenho mais contato com o meu pai, e por isso rejeitei a mim mesmo em um primeiro momento.



LA: De uma maneira geral faltam bons exemplos de representatividadeLGBT na sociedade ?



EP: Falta sim, até porque o maior medo dos homossexuais é a rejeição familiar, e muitos enfrentam esse problema.Talvez se a mídia representasse a população LGBT de forma  mais positiva, haveria menos preconceito e homofobia.



LA: E como é o sentimento dos seus familiares em relação a sua sexualidade ?



EP: Meu pai e minha família parterna não sabem. Já minha mãe está em processo de aceitação, ela soube recentemente e até o momento acredita que é só uma fase.Minha família materna de uma maneira geral me aceita, contudo não sei como seria a reação deles caso eu chegasse com um namorado em casa.



LA: E no curso de Engenharia da UFG, você sofreu preconceito por ser gay ?



EP: Não. Nunca sofri nenhum tipo de preconceito dentro da universidade.



LA: O engenheiro constrói estruturas físicas e os artistas constroem estruturas emocionais.Como o fato de desenhar te ajudou a lidar com seus conflitos internos ? 



EP: Não me lembro exatamente quando comecei a desenhar, comecei na adolescência e sou autodidata.Todos os desenhos que fiz têm muito a ver com a minha própria personalidade e refletem momentos da minha vida, e um dos meus favoritos é um que eu fiz mostrando um casal abraçado com asas como se fossem anjos.



LA: Uma característica do teu trabalho é que geralmente os desenhos vem acompanhados de frases, e letras de músicas.Se seus desenhos falam tanto sobre você, quais trabalhos podemos esperar para o futuro ?



EP: Esperem mais desenhos com textos e letras de músicas, mais trabalhos relacionados a filmes, à melancolia e ao amor.Por acreditar que a vida é feita de mudanças, tudo é possível.Desejo uma vida de desenhos felizes para todos nós.


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